A beleza de Emilly Nunes não apenas chamou atenção — ela redesenhou a cena. Criada entre Belém e a Ilha de Marajó, a modelo de 25 anos subiu ao palco do lançamento mundial da nova campanha da grife de cosméticos Byredo em Nova Iorque e, com sua presença, transformou o evento em celebração da ancestralidade e da modernidade.

Filha e neta de pessoas da comunidade Aruans, Emilly traz no traço e na postura um equilíbrio entre raízes e cosmopolitismo. Antes da passarela internacional, sua história teve capítulos cotidianos: operadora de caixa em supermercado e vendedora de chips para celular nas ruas do Pará — ofícios que não apagaram, ao contrário, lapidaram sua força e autenticidade.

Hoje, presente em campanhas e passarelas de marcas como Diesel, Elie Saab e Philipp Plein, e em capas de revistas como Vogue, Harper’s Bazaar e L’Officiel, Emilly carrega na carreira a marca de quem venceu expectativas. No Brasil, também foi destaque da São Paulo Fashion Week, onde se tornou recordista de desfiles.

“Eu acompanhava desde criança desfiles de moda, calçava o salto-alto da minha mãe e desfilava pelos cômodos de casa. Eu sonhava trabalhar como modelo, mas não via minha beleza ocupando esses lugares, achei que nunca poderia estar aqui. Estou muito feliz e realizando sonhos. É muito importante ver corpos indígenas em todos os espaços. Representar meu povo é fundamental para termos mais visibilidade e para que mais ocupem os espaços que sonharem”, afirma.

A escolha da Byredo — marca europeia de prestígio global — simboliza um movimento maior: a beleza contemporânea vem plural e reclama espaço em vitrines internacionais. Emilly não é apenas “uma modelo”; é um gesto de presença, de pertencimento, um convite para repensar padrões.